Discriminação Racial
Dia Internacional contra a Discriminação Racial é tema de Fórum Temático promovido pelo IFSULDEMINAS
Alunos e servidores do IFSULDEMINAS e graduandos de História da Univás participaram nesta terça-feira, 21 de março, Dia Internacional contra a Discriminação Racial, de um Fórum Temático promovido pela Pró-Reitoria de Ensino/Coordenação de Ações Inclusivas com o professor Adilson Pereira dos Santos, da Universidade Federal de Ouro Preto. A palestra “As cotas e a luta contra a discriminação racial”, realizada no auditório do campus, propiciou um momento de reflexão sobre as ações afirmativas no Brasil como instrumentos de garantia de direitos e aceleração do processo de igualdade. “As ações afirmativas são uma reparação dos prejuízos decorrentes de anos históricos de escravidão e alternativas à superação das desigualdades no Brasil que são persistentes”, disse o palestrante.
As ações afirmativas tiveram origem na Índia, mas o país que tem a maior tradição na sua aplicação são os Estados Unidos. No Brasil, são adotadas desde 1930. A primeira experiência brasileira ocorreu no Governo Vargas, quando foram reservadas algumas vagas na guarda civil paulista para negros, mas somente a partir do século XXI, as ações afirmativas ganharam maior visibilidade no país.
“Alguns estudiosos chamam as ações afirmativas de abolição inconclusa, ou seja, uma abolição que só teve a canetada do 13 de maio de 1888 e que não foi acompanhada e sucedida da garantia de direitos e da plena igualdade para aqueles que em tese eram libertos”, explicou o professor.
Apesar das ações afirmativas estarem presentes na História do Brasil há anos, somente com a adoção das cotas, o tema passou a ser alvo de discussões. “No dia que falaram cotas para negros, o Brasil extremeceu, pois fizeram com que acreditássemos que aqui o racismo não teve as mesmas consequências que nos Estados Unidos e na África do Sul”.
Cotas sociais
Favorável às cotas, Maria Cristiane da Silva, graduanda em História pela Univás e participante da palestra, acredita que esse sistema seja uma forma de amparo à desigualdade que foi posta como carga em cima dos negros no decorrer da História. “Porém, eu acho que as ações afirmativas não estão bem representadas porque vemos uma grande evasão, a ausência dos negros nos meios educacionais. Essas políticas de ações afirmativas devem ser mais discutidas para que o negro tome consciência disso e procure seus direitos para estar num patamar de igualdade com o branco no Brasil”.
Aluno do curso Integrado em Informática do IFSULDEMINAS-Campus Pouso Alegre, Pedro Henrique Correa Silva Moreira viu na palestra uma forma de muitos colegas mudarem ou confirmarem suas opiniões quanto ao tema. “As ações afirmativas para inclusão social dão oportunidade aos que não tiveram um ensino público tão bom. Com essa palestra, consegui ver muitos pontos diferentes da minha opinião e vi muitos argumentos que me ajudaram a confirmar a visão que eu tinha sobre as ações afirmativas como as cotas sociais”.
Entre os vários apontamentos feitos, o palestrante destacou o sistema educacional no Brasil que é elitista e que, por esta razão, necessita de políticas de ações afirmativas, em uma tentativa de rompimento com essa realidade. Para o professor Adilson, a redemocratização pela qual passou o Brasil em 1988 não foi capaz de resolver algumas iniquidades como a inclusão social de alguns grupos específicos.
“Pensar em democratização com inclusão social é provocar a instituição para além de abrir as portas para certos sujeitos. Não adianta povoar as universidades e institutos federais com pessoas egressas de escolas públicas, pobres, negros e pessoas de baixa renda. É necessário que se incorpore em sua concepção, no seu cotidiano, ações que de fato incluam, por exemplo, de nada adianta trazer para a escola a pessoa com deficiência se não for assegurada a ela a garantia do direito de circulação”.
Para o professor, é preciso repensar o currículo escolar. “Pois as universidades e institutos passaram a receber alunos com perfis diferenciados, mas continuam operando na mesma lógica de antes. E aí continuamos produzindo um contingente importante de maus sucedidos”.
Texto e Fotos: Ascom/IFSULDEMINAS - Campus Pouso Alegre
Revisão: Ascom/ IFSULDEMINAS - Reitoria
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