Produção de álcool gel
IFSULDEMINAS inicia produção de álcool gel para combate ao coronavírus
Material é produzido pelo Campus Inconfidentes a partir de bebidas alcoólicas apreendidas pela Receita Federal
A partir desta quinta-feira, dia 19 de março, o Campus Inconfidentes do IFSULDEMINAS começa a trabalhar para produzir álcool gel, material indicado pelo Ministério da Saúde para auxiliar na higienização pessoal e como uma das formas de prevenir a transmissão do novo coronavírus, doença que causa infecção respiratória e que surgiu no final do ano passado na China, alastrando-se por todos os continentes, inclusive aqui no Brasil.
A produção do antisséptico foi viabilizada devido à iniciativa da Reitoria do Instituto Federal do Sul de Minas (IFSULDEMINAS) em estabelecer parceria com a Delegacia da Receita Federal em Poços de Caldas. A Receita fica responsável pelo envio de bebidas apreendidas em operações contra o contrabando e o descaminho, na região, enquanto o Instituto entra com a mão de obra especializada e a tecnologia para converter bebida alcóolica em álcool etílico hidratado e, posteriormente, álcool gel.
Nesta semana, chegou ao Campus Inconfidentes a primeira remessa vinda da Receita Federal. São cerca de 20 mil litros de bebidas alcoólicas, que serão transformados em, pelo menos, 6 mil litros do antisséptico. A quantidade do produto ainda é uma estimativa, explicou o coordenador do projeto no IFSULDEMINAS, o engenheiro químico Eduardo Rodrigues. "Recebemos o carregamento e, agora, iremos testar a concentração média de álcool neste lote, em laboratório, para ter mais precisão de quanto conseguiremos produzir. Por exemplo, se a concentração de álcool por garrafa for de 18 por cento, precisaremos elevar a taxa até atingir os 70 por cento necessários para a eficácia do antisséptico. Quanto mais álcool na bebida, maior a produção", apontou Rodrigues.
Como acontece a transformação
O processo que transforma o material doado em antisséptico em gel ocorre em duas etapas. Primeiramente, a bebida é colocada em uma máquina retificadora, que corrige a concentração de álcool no líquido, até chegar aos 70 por cento. Depois disso, começa a segunda fase do processo: a gelificação. O álcool etílico hidratado a 70 por cento é levado para um laboratório, onde passa por homogenização, adicionamento de reagentes e controle de acidez, que o irá espessar, dando-lhe textura de gel. Depois de pronto, o produto é envasado para, finalmente, ser distribuído.
O rendimento e a agilidade do processo são considerados ótimos pelo engenheiro químico responsável. "Em poucas horas, o transformamos em gel, no laboratório, e o procedimento, neste caso, não interefere no rendimento, ou seja, um litro de álcool líquido resulta na mesma quantidade dele em gel", informou Rodrigues.
Produção
A primeira etapa da produção já foi iniciada pelo campus. Segundo o técnico responsável pela máquina retificadora, Thiago Marçal, ela tem capacidade de gerar, em média, 60 litros do produto, durante oito horas de funcionamento. "Se funcionar por período maior, a quantidade de produção também aumentará. Nós estamos estudando, junto à direção do campus, a viabilidade para que isso ocorra", pontuou Marçal.
Para a fase seguinte, o IFSULDEMINAS trabalha junto a empresas e instituições para adquirir os reagentes necessários para o processo. O principal deles é o Carbopol 940, um espessante produzido apenas no exterior. Uma fábrica de gel, da região, se interessou pela iniciativa e deve doar a quantidade necessária do insumo para produzir o primeiro lote do antisséptico.
Tecnologia
O maquinário do Campus Inconfidentes, adquirido com recursos do CNPQq, é a único instalado no Estado de Minas Gerais, fora os que existem em indústrias de bebidas. Ele é utilizado desde 2013 na produção de etanol, usado para abastecer a frota de automóveis da instituição, e de álcool, empregado na higienização do campus e como insumo, em laboratórios. A fabricação desses produtos é possibilitada devido às parcerias com produtores de cachaça da região (que oferecem ao campus as impurezas da destilação, proibidas de comercialização, conhecidas como “cabeça” e “cauda") e com a própria Receita Federal, com as doações.
Parceria
Agora, com o aparecimetno da COVID-19, no país, e consequente dificuldade de encontrar material para a higienização pessoal em farmácias e supermercados, a Reitoria do IFSULDEMINAS vislumbrou a possibilidade de ampliar a parceria com a Receita Federal, sendo esta a primeira vez que as bebidas apreendidas pelo órgão terão como destino a produção de álcool gel. "Estamos satisfeitos em saber que, a partir dessa parceria com o IF, poderemos colaborar com a comunidade na doação de um dos produtos mais necessários na luta contra o novo coronavírus. A intenção da Receita Federal é tornar esta parceria perene. Sabemos do know-how e da estrutura do IF, que dará oportuna destinação às apreensões em nossa região, tanto na produção de biocombustível, que já é feita desde 2015, como, agora, na de álcool gel", afirmou o auditor fiscal Michel Lopes Teodoro, responsável pela Delegacia da receita Federal em Poços de Caldas.
Segundo o reitor do IFSULDEMINAS, professor Marcelo Bregagnoli, um dos articuladores da ação, a produção do antisséptico será voltada para as nove unidades da instituição, Receita Federal de Poços de Caldas e entidades beneficentes cadastradas junto ao IFSULDEMINAS e outras, que se mostrarem interessadas. "O papel do Instituto vai além de oferecer um ensino de qualidade. Nós temos o dever de devolver à sociedade todo o investimento público direcionado à instituição. Para isso, usamos nossa estrutura e profissionais em projetos e iniciativas como a de agora. Somos sensíveis ao que a população está passando e queremos contribuir sempre de alguma forma. Se o álcool gel está em falta no mercado, ou se está caro, vamos buscar parcerias para fabricá-lo e doá-lo", enfatizou o reitor, explicando, ainda, que a logística de distribuição está em fase de estudos.
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